segunda-feira, 31 de março de 2014

(Um) Guia para o Lolla - pt.2

Uma coisa a gente pode dizer sobre esse Lolla: a distribuição dos dias foi meio problemática. Não que o domingo, dia 6, seja ruim, veja bem. A diferença aqui é que as atrações principais são bem menos óbvias - ou comercialmente viáveis -, o que explica bastante a baixa demanda por ingressos.
Mas você comprou o ingresso por causa do Arcade Fire ou do Soundgarden e não sabe o que fazer além de ir de ~terno~ ou com sua camisa flanela? Bom, essa parte dois é pra você. 

Vamo nessa?

DOMINGO - 6 DE ABRIL


A primeira banda do dia, como de costume, é brasileira, e são os gaúchos do Apanhador Só. Ao contrário do dia anterior, que já começou com uma pegada mais puxada pro rock, os sulistas apostam num som mais experimental, tirando som de coisas inusitadas - tipo uma roda de bicicleta. É, pois é. 

Pra conhecer: "Um rei e o Zé", do excelente disco de 2010, Apanhador Só. 



A disputa seguinte é entre Raimundos e Brothers of Brazil, banda do papito. A banda do Suplicy Jr., por incrível que pareça, é bem divertida, combinando o ~~punk~~ do quarentão mais bizarro do país com um samba puxado pelo irmão, João Brasil. Pode ser algo surpreendente. Ou no mínimo bizarro. Ou pelo menos tem o Supla. 

Pra conhecer: "Samba Around the Clock", do disco Punkanova. 



Raimundos, por outro lado, é sempre uma pedrada. A pegadinha aqui é a seguinte: se já viu um show deles, já viu todos. Se ainda não viu e quer começar o festival numa senhora rodinha, corra pra lá. Se tem mais de 16 anos e mora num raio de 50km de Brasília, vai tomar uma cerveja que eles voltam pra cá mais umas 3 vezes até o final do ano. 
Pra conhec... ah, quem não conhece Raimundos?! 

O Johnny Marr, ex-Smiths, é o próximo da fila. Tem pouco o que se dizer sobre ele, a não ser que seu (bom) disco novo é praticamente ignorado no meio de um mar de covers da antiga banda. Então, é basicamente um cover de luxo dos Smiths - sem o Morrisey. 

Pra conhec... ah, quem não conhece Smiths. 

Logo depois, vem a Ellie Goulding que faz um show bem competente, até. Mas não é nela que vou me prender muito, porque antes do final do show da britânica começa o show das gurias do Savages no palco alternativo. Elas lançaram seu debut em 2013, o Silence Yourself, e têm um show super elogiado lá fora. É bem verdade que o horário não cai muito bem, mas vale conhecer. Com certeza vai ser bem mais visceral que o pop mais bem embalado da Ellie Goulding.

Pra conhecer, "She Will", do Silence Yourself.



Ah, tem o Vampire Weekend, né. Então, tem quem goste do som dos caras - e verdade seja dita, o Contra é até legal -, mas com um disco recente chatíssimo, o Modern Vampires of the City, do ano passado, mais vale ver as gurias do Savages e depois correr pra ver o Pixies de perto.

Pra conhecer: "Giving up the Gun", do Contra, de 2009. 


Falando em Black Francis e cia., tá aí o primeiro show imperdível do dia. Mesmo com o desfalque da Kim Deal, os caras andaram soltando várias músicas novas em uma série de EPs nos últimos meses. Além disso, a banda acabou de soltar o Indie Cindy, primeiro LP em 23 (!!) anos. E olha só: tá MUITO bom. Músicas novas dignas e clássicos garantidos, num show longo e abrangente. Imperdível.

Pra conhecer: pra não cair no clichê e colocar a CLÁSSICA "Where is my Mind", vai "Hey", tocada pra um público INSANO no SWU de 2010. Saudades, SWU. 

Gostou? 
Procura a discografia toda, principalmente o Doolitle e o Surfer Rosa. 

Soundgarden e Jake Bugg: a disputa que separará os grunges dos indies e hipsters. O moleque britânico lançou no ano passado o excelente Shangri La, mas sofre do chamado "mal de Arctic Monkeys", que é ter um baita repertório, mas ter um show morno. Vale a experiência pelo potencial do garoto, que toca MUITO e é um baita compositor.

Pra conhecer: "Two Fingers", do debut. 



O Soundgarden, por outro lado, vem na turnê de divulgação do King Animal, o bom disco de retorno do quarteto pós-hiato. Entretanto, Chris Cornell e cia. andam tocando muito mesmo o Superunknown, seu maior acerto. Àqueles que têm alguma reserva com a banda mais low-profile do grunge, vale dar uma chance. 

Pra conhecer: "Spoonman", do Superunknown, um dos melhores riffs criados no grunge.



Sobre o New Order, apenas uma nota rápida: coitados por tocar ao mesmo tempo do Arcade Fire. Bernard Sumner merecia um horário menos competitivo.

O show do Arcade Fire é um dos melhores do mundo, hoje. Não tem o que falar além disso. Com 3 discos excelentes lançados e divulgando o bom Reflektor, a banda fará o grande show da noite, indubitavelmente. Vá sem medo e fique até o final. Se não se emocionar com "Wake Up", rapaz, tá bom de procurar um psicólogo.

Pra chorar: "Wake Up". Porque sim. 



E é isso por esse Lolla. É sempre bom lembrar que o legal de festivais é ir de cabeça aberta e se deixar surpreender. A ideia desse guia não foi de dizer o que é melhor ou pior (tá, foi um pouco, mas nesse blog não compramos essa de ~~neutralidade~~), mas de dar dicas de shows legais e que poderiam ser ignorados. 

Até mais e bom festival!







sábado, 29 de março de 2014

Mystery Jets - "Serotonin"


Artista: Mystery Jets
Álbum: Serotonin
Ano: 2010
Produtor: Chris Thomas
Parece com: The Maccabees, Peace, The Beatles.

Comentários do blogger: Transporte-se para um sábado ensolarado, cheio de energia e com doses controladas de psicodelia. Esse quarto trabalho do Mystery Jets soa exatamente assim: como uma salvação aos dias desanimados, previsíveis e melancólicos da semana.

Os ritmos se inserem no ideário pop rock, refrões para serem cantados em grandes festivais e estádios lotados, a instrumentação e arranjos ensaiam uma retomada das viagens de LSD dos Beatles (não é por menos, Chris Thomas esteve na produção do icônico White Álbum do Fab Four). O resultado é um fechamento com chave de ouro da primeira década do milênio.

Tenta essas: "Too late to talk about it", "Show me the light" e "Melt".


Essa música é de arrepiar, cara.

quarta-feira, 26 de março de 2014

(Um) Guia para o Lolla - pt. 1


Então chega aquela época mágica do ano em que ficamos ansiosos e contamos os dias para a chegada de mais um Lollapalooza (não, este post não é patrocinado - mas bem que poderia ser, hein, Perry?). Entretanto, junto com a empolgação, é normal ficar meio perdido com tantas atrações. Então: comprou o ingresso no hype, mas só conhece uma ou duas bandas e tem medo de não saber o que esperar dos shows? Esse guia é pra você!

A ideia aqui é mostrar a quantas andam as turnês de algum dos artistas que virão, quais os choques de horário (com dicas de qual seria a melhor escolha, na opinião deste que vos escreve) e apresentar a discografia indispensável das principais atrações - e a que será a base do repertório dos mesmos.

Prontos?

SÁBADO - 5 DE ABRIL


O melhor dia, e o mais cheio também. A função de abrir o festival ficou com as Vespas Mandarinas, banda de São Paulo que lançou seu debut ano passado, chamado Animal Nacional. O lance aqui é um pop rock divertido e despretensioso. Além disso, foi confirmado que os caras da Vivendo do Ócio devem fazer uma participação no show (Chuck Hipólitho, guitarrista e vocalista das Vespas produziu boa parte de O Pensamento é um Ímã, disco de 2012 da Vivendo do Ócio). 

Pra conhecer: "Cobra de Vidro", do disco Animal Nacional.


Gostou? Procura O Pensamento é um Ímã, da Vivendo do Ócio.

Antes do final do primeiro show, começa o show do Silva, que lançou um dos melhores discos de 2012, Claridão. A vibe aqui é completamente diferente, muito mais experimental. Uma boa pedida pra quem tá com a cabeça aberta.

Pra conhecer: "Claridão", do disco homônimo.



Logo depois, começam as atrações internacionais. Primeiro vem o duo Capital Cities. A turnê é a do disco In a Tidal Wave of Mistery, que aposta pesado em um indie pop dançante e grudento. Como show, pode ser uma boa pra contrabalancear o ar mais alternativo do Silva. O hit "Safe and Sound" é presença confirmada.

Pra conhecer: o hit obrigatório "Safe and Sound"



Larga tudo que está fazendo e preste atenção: o primeiro show imperdível do Lolla é esse: Cage the Elephant. A banda, que já recebeu elogios do (e já tocou com) Dave Grohl, anda divulgando seu último - e imperdível - disco, Melophobia. A porradaria do começo da banda pode ter ficado um pouco pra trás no disco, que investe mais numa onda psicodélica e setentista, mas o show é de uma visceralidade imperdível. 

Pra conhecer: "In one ear", do disco Cage the Elephant, de 2008. 


Gostou? Escuta o Melophobia. 

O Julian Casablancas anda divulgando seu disco novo ainda não lançado, então não tem como saber muito bem o que esperar. Se seguir o seu primeiro cd solo, pode ser o caso de esperar ele tocar "Instant Crush", da parceria com o Daft Punk, e ir tomar uma água e dar uma volta. 

O primeiro choque de horários complicado fica na briga entre Portugal The Man e Imagine Dragons. A primeira lançou um dos melhores discos de 2013, Evil Friends, e, apesar da timidez de seu líder e vocalista, tem feito shows muito elogiados por aí. 

Pra conhecer: "Modern Jesus", do disco Evil Friends, de 2013.



Imagine Dragons, por outro lado, lançou um disco bem mediano, o ora-divertido-ora-pretensioso Night Visions.O show dos caras é por aí, também. Espalhafatoso, barulhento e cheio de hits. O problema é ter que aguentar a penca de baladas mela-cuecas que sobram no disco, entre uma "Radioactive" e outra "On The Top of the World". Se quer conhecer algo novo e que dificilmente veremos com frequência, procure a primeira banda. Caso queira uma balada das boas em que seja possível conhecer mais de duas músicas, a segunda (boy) banda pode ser a melhor saída.

Não conhece? Sério? Então escuta a melhor do disco, "Amsterdam".



O segundo embate ocorre entre Phoenix e a Lorde. Convenhamos, o Phoenix nunca fez nada de bom além do Wolfgang Amadeus Phoenix (que, mesmo sendo bom, gira todo em volta da fórmula que fez de "Lisztomania" um hit). O último disco da banda, Bankrupt! passou batido. Mesmo assim, é bom lembrar que os shows dos caras são super elogiados e pode ser uma grata surpresa. 

Pra começar (e acabar): "Lisztomania", do Wolfgang Amadeus Phoenix

A Lorde, por outro lado, lançou um baita disco em 2013, o Pure Heroine. Mesmo sendo possivelmente o ponto mais pop do festival, a guria deve fazer um show focado em minimalismo e arranjos econômicos, certeiros pra sua música. Então, se quiser pular e bater cabeça, Phoenix pode ser a escolha; mas se preferir um repertório mais interessante e um show mais relevante no cenário musical atual, fique com a Lorde.

Pra conhecer, fuja um pouco de Royals e experimente "Biting Down", que faz parte do repertório e que ela costuma tocar com frequência.


Antes de falar dos headliners, fica a dica caso alguém não suporte Nine Inch Nails (ó, senhor, eles não sabem o que fazem): O show da Nação Zumbi é uma experiência ÚNICA. O manguebeat dos pernambucanos continua mais atual do que nunca, e os caras sempre fazem shows memoráveis.

Mas então, se você não é doido(a), não perca o show do Nine Inch Nails. Vai ser a segunda vez (e, pelas vendagens do show solo do Rio, vai ser difícil vê-los de novo tão cedo) que a trupe do Trent Reznor vem pro Brasil. A turnê atual divulga o excelente Hesitation Marks, mas como a obra seminal da banda, The Downward Spiral, faz 20 anos em 2014, é possível esperar algumas surpresas interessantes no setlist. Outro ponto legal é que a banda atual anda dando uma pegada mais orgânica na execução das músicas. A turnê americana, por exemplo, contou com o Pino Palladino (John Mayer Trio) no baixo e com a Sharon Jones (Rolling Stones) nos backing vocals. Não é pouca coisa, não. Não bastasse isso tudo, o aspecto visual deve ser um baita atrativo, com uma iluminação caprichada. Se há um show imperdível nesse festival todo, é esse. NÃO PERCA!

Pra conhecer: Toda a porradaria de "Head Like a Hole". 


Gostou? Escuta o Downward Spiral, de 1994. E todo o resto. Não tem erro.

O último embate da noite fica entre Muse e Disclosure. Aqui é bem simples: quer um (baita) show de rock, vá para o Muse. Quer uma balada eletrônica de primeira, Disclosure. É bem verdade que o Muse veio no ano passado e que o último disco da banda, The 2nd Law, não é o maior dos incentivos pra vê-los ao vivo, mas, como diria o Optimus Prime, there's more than meets the eyes (sim, esse blog também tem referências nerds, deal with it). 

Pra conhecer o Disclosure. "F for You", do único disco do duo, Settle.



O Muse só fará 3 shows no ano: o solo de São Paulo, o Lolla e o Coachella, nos EUA. Ou seja, não há muito como saber o que pode vir a rolar no show. A banda andou trabalhando em músicas novas recentemente, então sempre rola a possibilidade de uma surpresa à la Queens of the Stone Age no ano passado. Além disso, esses shows andam cotados pelos fãs como uma possível turnê de aniversário de 20 anos da banda. Se isso se confirmar e Matt Bellamy e cia. focarem o repertório nos discos antigos, aí, rapaz, pode ser facilmente o melhor show do festival. Música pra isso eles têm.

Pra conhecer e que vai tocar no show: "Knights of Cydonia", do disco Black Holes & Revelations.


Gostou? Vai atrás do Absolution, de 2003, e do Origin of Symmetry, de 2001.

E é isso pelo primeiro dia. Aguardem que logo sai a parte dois desse guia estrogonoficamente excelente. 

Até mais, e boa música!