Uma coisa a gente pode dizer sobre esse Lolla: a distribuição dos dias foi meio problemática. Não que o domingo, dia 6, seja ruim, veja bem. A diferença aqui é que as atrações principais são bem menos óbvias - ou comercialmente viáveis -, o que explica bastante a baixa demanda por ingressos.
Mas você comprou o ingresso por causa do Arcade Fire ou do Soundgarden e não sabe o que fazer além de ir de ~terno~ ou com sua camisa flanela? Bom, essa parte dois é pra você.
Vamo nessa?
DOMINGO - 6 DE ABRIL
A primeira banda do dia, como de costume, é brasileira, e são os gaúchos do Apanhador Só. Ao contrário do dia anterior, que já começou com uma pegada mais puxada pro rock, os sulistas apostam num som mais experimental, tirando som de coisas inusitadas - tipo uma roda de bicicleta. É, pois é.
Pra conhecer: "Um rei e o Zé", do excelente disco de 2010, Apanhador Só.
A disputa seguinte é entre Raimundos e Brothers of Brazil, banda do papito. A banda do Suplicy Jr., por incrível que pareça, é bem divertida, combinando o ~~punk~~ do quarentão mais bizarro do país com um samba puxado pelo irmão, João Brasil. Pode ser algo surpreendente. Ou no mínimo bizarro. Ou pelo menos tem o Supla.
Pra conhecer: "Samba Around the Clock", do disco Punkanova.
Raimundos, por outro lado, é sempre uma pedrada. A pegadinha aqui é a seguinte: se já viu um show deles, já viu todos. Se ainda não viu e quer começar o festival numa senhora rodinha, corra pra lá. Se tem mais de 16 anos e mora num raio de 50km de Brasília, vai tomar uma cerveja que eles voltam pra cá mais umas 3 vezes até o final do ano.
Pra conhec... ah, quem não conhece Raimundos?!
O Johnny Marr, ex-Smiths, é o próximo da fila. Tem pouco o que se dizer sobre ele, a não ser que seu (bom) disco novo é praticamente ignorado no meio de um mar de covers da antiga banda. Então, é basicamente um cover de luxo dos Smiths - sem o Morrisey.
Pra conhec... ah, quem não conhece Smiths.
Logo depois, vem a Ellie Goulding que faz um show bem competente, até. Mas não é nela que vou me prender muito, porque antes do final do show da britânica começa o show das gurias do Savages no palco alternativo. Elas lançaram seu debut em 2013, o Silence Yourself, e têm um show super elogiado lá fora. É bem verdade que o horário não cai muito bem, mas vale conhecer. Com certeza vai ser bem mais visceral que o pop mais bem embalado da Ellie Goulding.
Pra conhecer, "She Will", do Silence Yourself.
Ah, tem o Vampire Weekend, né. Então, tem quem goste do som dos caras - e verdade seja dita, o Contra é até legal -, mas com um disco recente chatíssimo, o Modern Vampires of the City, do ano passado, mais vale ver as gurias do Savages e depois correr pra ver o Pixies de perto.
Pra conhecer: "Giving up the Gun", do Contra, de 2009.
Falando em Black Francis e cia., tá aí o primeiro show imperdível do dia. Mesmo com o desfalque da Kim Deal, os caras andaram soltando várias músicas novas em uma série de EPs nos últimos meses. Além disso, a banda acabou de soltar o Indie Cindy, primeiro LP em 23 (!!) anos. E olha só: tá MUITO bom. Músicas novas dignas e clássicos garantidos, num show longo e abrangente. Imperdível.
Pra conhecer: pra não cair no clichê e colocar a CLÁSSICA "Where is my Mind", vai "Hey", tocada pra um público INSANO no SWU de 2010. Saudades, SWU.
Gostou?
Procura a discografia toda, principalmente o Doolitle e o Surfer Rosa.
Soundgarden e Jake Bugg: a disputa que separará os grunges dos indies e hipsters. O moleque britânico lançou no ano passado o excelente Shangri La, mas sofre do chamado "mal de Arctic Monkeys", que é ter um baita repertório, mas ter um show morno. Vale a experiência pelo potencial do garoto, que toca MUITO e é um baita compositor.
Pra conhecer: "Two Fingers", do debut.
O Soundgarden, por outro lado, vem na turnê de divulgação do King Animal, o bom disco de retorno do quarteto pós-hiato. Entretanto, Chris Cornell e cia. andam tocando muito mesmo o Superunknown, seu maior acerto. Àqueles que têm alguma reserva com a banda mais low-profile do grunge, vale dar uma chance.
Pra conhecer: "Spoonman", do Superunknown, um dos melhores riffs criados no grunge.
Sobre o New Order, apenas uma nota rápida: coitados por tocar ao mesmo tempo do Arcade Fire. Bernard Sumner merecia um horário menos competitivo.
O show do Arcade Fire é um dos melhores do mundo, hoje. Não tem o que falar além disso. Com 3 discos excelentes lançados e divulgando o bom Reflektor, a banda fará o grande show da noite, indubitavelmente. Vá sem medo e fique até o final. Se não se emocionar com "Wake Up", rapaz, tá bom de procurar um psicólogo.
Pra chorar: "Wake Up". Porque sim.
E é isso por esse Lolla. É sempre bom lembrar que o legal de festivais é ir de cabeça aberta e se deixar surpreender. A ideia desse guia não foi de dizer o que é melhor ou pior (tá, foi um pouco, mas nesse blog não compramos essa de ~~neutralidade~~), mas de dar dicas de shows legais e que poderiam ser ignorados.
Até mais e bom festival!